23 março 2006

Jorge Fernando Pinheiro de Jesus


No mundo do futebol Jorge Jesus. E é isso que nos interessa. Felgueiras, V.Setúbal, V. Guimarães, Moreirense, U. Leiria, E. Amadora, entre outros são clubes martirizados com a sua passagem pelo comando técnico da equipa de futebol sénior.

Desde os seus tempos durienses de Felgueiras, Jesus cultivou uma pose única entre os treinadores portugueses de estar no banco. Punha-se de cócoras, ao lado do banco, e trajava apenas de negro, contrastando com a sua farta cabeleira branca. Nesse ano conseguiu a proeza de fazer 25 pontos na 1ª volta do campeonato e apenas precisava de mais 9 pontos para assegurar a manutenção na 1ª divisão (e aqui a vitória já valia 3 pontos), mas Jesus conseguiu fazer apenas 8 pontos na volta final na equipa onde jogavam Earl, Clint e Lewis, o trio tobaguenho! O Felgueiras desceu e Jesus com eles.

Passado algum tempo, Jesus tem a hipótese de vir treinar de novo para a Superliga, desta vez no clube da sua terra, o Estrela da Amadora. É nesta altura que eu tenho o horror de ouvir uma entrevista do próprio onde conseguiu falar durante 5 minutos em que conseguiu não conjugar um único verbo, portanto impedindo-me de classificar o seu discurso como verborreia. Aliás, conseguir classificar um discurso de Jesus como verborreia deve ser um objectivo particular na vida do treinador, se bem que até hoje ainda não foi atingido. Vamos continuar a aguardar.

Por essa altura, Jesus foi sempre visto como uma treinador salvador, isto é, nenhum clube no seu perfeito juízo contrataria Jorge Jesus para o comando da equipa no início duma época, pois melhores opções sempre existiriam. No entanto, nos momentos de aflição e quando faltam menos de 10 jornadas de campeonato, geralmente há sempre alguém que clama: “Ai Jesus, ai Jesus!”. E aparece Jorge. Só assim se compreende estas contratações de fim de época. Algumas das vezes ele até se sai bem (mérito dos jogadores) e a direcção convida-o a iniciar a nova época no clube, mas o que geralmente acontece passado alguns meses é isto:

(Jantar de despedida de Jorge Jesus do plantel do V.Setúbal, também com elementos da claque VIII Exército, onde ainda se avista a frondosa barba de Quinito – outro post que fica desde já prometido)

Outros presidentes, mais inteligentes, não deixam Jesus iniciar nova época no clube, mesmo que este os tenha salvo. Outros ainda despedem o treinador (que era aposta pessoal do presidente) antes de completadas 10 jornadas da nova época e para colmatar trazem Jesus para o banco, deixando-o ao leme durante a maior parte da época.

E eis que surge a melhor faceta de Jesus: a gestão do seu sucesso. Ganha 3 jogos seguidos (e como só treina equipas do fundo da tabela esses 9 pontos representam um grande salto na tabela) e é o maior (mesmo). Entrevistas nos jornais e frases bombásticas nas conferências de imprensa animam a populaça que segue a bola semana a semana. Desde antevisões das partidas da sua equipa (na altura E.Amadora) onde o jogo seguinte ia ser "empolgante com um despecho imprevisível, ao jeito de um thriller de Francis Ford CÓPULA", entrevistas ainda esta época ao jornal “A Bola” em que se intitulava como um estudioso do futebol onde dizia frases como “a nível táctico, em Portugal ninguém me ganha” ou conferências de imprensa após vitória no campo do Nacional, com afirmações que Manuel Machado (ver o post Pluto deste blog, um dos primeiros) classificou de “uma imbecilidade”, enfim, uma panóplia fantástica de grandes momentos de mister Jesus. Momentos esses que certamente não se quedarão por aqui. A nós só nos resta dizer: Obrigado!

1 Comments:

Blogger Rotura de ligamentos said...

Muito bom!

11:10

 

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