Benfica - Liverpool

O jogo de ontem à noite foi fraco. Francamente fraco. Pelas duas equipas. O Benfica, que penso que não joga mais do que aquilo, e o Liverpool que claramente não quis jogar mais do que aquilo e nos últimos 5 minutos já não ia conseguir fazer mais nada.

É muito complicado marcar golos ao Liverpool. Este resultado de 1-0 é bastante bom para o Benfica embora não seja reflexo do que se passou em campo. Um 0-0 era bem mais apropriado para um jogo tão mau. Mesmo assim foram os portugueses que apesar de tudo se mostraram mais interessados em ganhar o jogo. Foram sempre bem manietados pelos ingleses e tiveram que recorrer a um lance estudado para alcançar o único golo, num momento crucial do encontro. Um lance estudado muito bem executado, adiante-se. E são assim que se ganham jogos e se adquirem vantagens. Foi o que aconteceu.

Mesmo assim, se bem que o Benfica está em melhor posição para passar aos ¼ de final do que estava antes do jogo, acho que o Liverpool ainda é o favorito a passar. Sinceramente não estou a ver o Benfica a passar em Anfield Road incólume.

Mas o mais irritante nisto tudo desta vez não foram os adeptos que até tiveram um bom comportamento, normal perante a vitória saborosa que foi mas apenas uma vitória. Não aconteceram as cenas de conquista dum troféu quando apenas se ganhou em casa ao Man Utd. Foi a onda de euforia que ontem passou pela Comunicação Social portuguesa sobre o jogo.

Os comentadores do jogo na televisão estavam eufóricos. Notava-se na voz a alegria de verem envolvidos em jogos de tão grande importância o SEU Benfica. Indisfarçável. Comentavam como adeptos e não como comentadores. Cada jogada que não saía bem aos homens de Koeman (e foi a maioria) era comentada depreciativamente. Se a bola ia para o centro “era para Simão na esquerda”. Se era rematada “tinha Nuno Gomes em melhor posição”. Se o drible não saía bem, embora fosse a melhor opção, “Robert egoísta”. Enfim, sentiram o seu Benfica como há muito não sentiam.

Depois há os jornais. Desde as primeiras páginas dos diários desportivos de ontem às de hoje, uma loucura de benfiquismo exacerbado. Hoje aparece “Gigantes” em alguns jornais. Mas gigantes em quê? Em não terem feito nada num jogo em casa que era a sua melhor opção para poder ganhar a eliminatória e acabarem por ganhar com um golo fortuito, quando claramente o empate a 0 era o espelho do que se passou no relvado? E as primeiras páginas do dia anterior, com o coração dos editores palpitando com excitação louca por poderem publicar algo do seu clube sem ser mentira, ou matérias secundárias trazidas para a ribalta, ou sem terem que exagerar num assunto para ele ter real interesse (aliás, como na realidade um jogo dos 1/8 de final da Liga dos Campeões tem e deve ter)?

Por mim, a vitória do Benfica fica mais uma vez ofuscada pela palhaçada montada em redor da mesma. Nem quero imaginar o que se vai passar caso o Benfica deixe para trás o Liverpool. É melhor nem sair de casa!